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Gesso – Uso e limitações

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Abrão Chiaranda Merij

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Vamos para o que interessa, que é aprender um pouco mais sobre o mundo dos materiais.

 

O material dessa semana está presente em diversos lares brasileiros. É extremamente importante naqueles momentos de nossas vidas nos quais quebramos algum osso do nosso corpo. Ele também está presente em consultórios odontológicos, na indústria de papel e celulose e até mesmo no agronegócio. Nossa! Quantas aplicações distintas tem nosso material… Sem mais delongas, nosso material é a gipsita, que após o processo de calcinação se torna o gesso.

 

https://didatico.igc.usp.br/minerais/sulfatos/gipsita/

 

Isso mesmo. Para ser chamado de gesso, o mineral gipsita passa pelo processo de calcinação – tratamento térmico capaz de promover diversas reações químicas e melhorar as qualidades dos materiais envolvidos. Apenas como explanação esse processo térmico é largamente utilizado nos materiais cerâmicos.

O processo de calcinação do gesso acontece da seguinte forma:

 

O uso do gesso é descrito por diversos discípulos de Platão e Aristóteles há séculos atrás, passando pela cidade de Paris (aí vem o famoso gesso de Paris). O uso desse material se expandiu, posteriormente, passando pelos Estados Unidos e finalmente chegando ao Brasil.

 

Em terras tupiniquins encontramos as maiores reservas de gipsita do mundo e da melhor qualidade. As maiores reservas situam-se em Araripe – Pernambuco. Porém, o Brasil ainda utiliza muito pouco do gesso em comparação com países mais desenvolvidos. Parte desse problema se deve ao custo no transporte e distribuição desse material, além da falta de tecnologia para obter gessos de maior qualidade

 

 

As tecnologias existentes promovem a obtenção de dois tipos de gesso, ambos quimicamente idênticos, mas com microestruturas distintas. Cabe aqui um novo parêntese: muitas das propriedades dos materiais se dão pela sua microestrutura, mas isso será tratado em textos futuros…

 

Em processos com alta tecnologia embarcada se obtém o gesso-α que apresenta uma microestrutura com cristais prismáticos e alongados. Já nos processos convencionais e mais difundidos, temos a produção do gesso-β, sendo este o mais comercializado atualmente, principalmente para a construção civil.

 

O gesso alfa possui maiores resistências a esforços mecânicos, sobretudo solicitações de compressão e flexão mecânicas. Isso ocorre devido a maior densidade desse gesso e o fato de apresentar uma quantidade menor de poros. Esse diferencial faz com que o gesso alfa seja empregado em locais com maior valor agregado, por exemplo na área médica (parte ortopédica) e odontológica (produção de moldes dentais).

 

Por outro lado, o gesso beta é utilizado em aplicações industriais que necessitam de grandes volumes a preços baixos. Um exemplo é a indústria cimentícia: o gesso atua alterando o tempo de início de pega do cimento. Na indústria de papel e celulose, o gesso favorece melhor absorção de tinta e melhor secagem.

Na construção civil, o uso do gesso é empregado em larga escala nas diferentes etapas construtivas, por exemplo na decoração, na confecção de sancas, no acabamento da alvenaria e na produção de placas de gesso acartonado, mais conhecido como drywall.

 

Mas como todo herói tem um vilão o gesso também tem: é a água. Na verdade, a mesma água que permite que o gesso seja moldado com tanta facilidade e ganhe múltiplas formas. Mas depois que o gesso endurece, ele não pode entrar mais em contato com a água, pois isso faz com que o material rapidamente perca resistência mecânica (mais ou menos como o Superman perto da Kryptonita). Isso ocorre pela capacidade que o gesso tem em se hidratar e reidratar. É justamente por isso que ele recebe um nome especial na construção civil: um aglomerante aéreo, ou seja, um material ligante que necessita do anidrido carbônico para ganhar resistência, contudo que não possui resistência a água.

 

Porém, como mencionado, os gessos de melhor qualidade e maior valor agregado possuem baixa produção no Brasil, sendo muitas vezes importado de outros países, sobretudo dos EUA. Isso só acontece porque ainda não temos tecnologia suficiente para produção em larga escala. Por isso é tão importante que mais investimentos em ciência e tecnologia sejam feitos! Não adianta ser o detentor da melhor matéria prima se não temos tecnologia para processá-la.